quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um gaúcho ciclista

Estou de novo de volta a Tapes e, de novo, em razão dos barcos.
Mas minha atenção não se desvia muito das bicicletas.
Novamente me extasio com o emprego absolutamente tranquilo que os habitantes fazem da bicicleta.
Não me detive neste detalhe mas tenho a impressão de que nem mesmo colocam cadeado quando deixam as bicicletas nos estacionamentos existentes por toda parte.
E como não posso deixar de exercitar meu cicloativismo, chama minha atenção a tentativa que um homem, com ares de gaúcho, um gaúcho de bermuda, faz para colocar sua bicicleta dentro de um ônibus.
Fica bem evidente que a bicicleta é essencial para sua vida, para lhe dar condições de se transportar, seja aqui onde se encontra, seja no lugar para onde pretende ir levando-a como a uma companheira.
Aproximo-me e verifico que, pelo menos da maneira como esta tentativa está sendo feita, há alguma dificuldade em ter êxito.
O gaúcho ciclista insiste que já transportou a bicicleta antes, de que é possível.
O encarregado do ônibus mostra-se cético e dá a impressão de que vai decretar a impossibilidade.
É quando, por alguma razão, pareceu-me até que para conversar com alguém, talvez seu superior, o encarregado se afasta.
Pressinto que vai voltar com uma decisão negativa, desta vez respaldado pela autoridade de um chefe, apenas para parecer que não está agindo arbritariamente.
Decido, então, intervir.
Aproximo-me e junto com o ciclista , com seu jeito agaúchado, vamos tentando daqui, tentanto dali, até que a bicicleta consegue ser acomodada!
O "gaúcho" me agradece e se encaminha para subir contente no ônibus.
Fico até um pouco emocionado e me sinto como se tivesse cumprido minha missão.
Afinal ciclista é para ser unido e tinha acabado de ajudar um ciclista anônimo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

"Como é linda a liberdade"

O leitor de Ciclistas Anônimos, Zeca Baronio, escreve esta pequena crônica que nos parece dentro do espírito do espaço. Transcrevo:
Deu vontade de postar essa imagem.
Eu ando meio ciclo-chato. Ando tendo muitas ciclo-idéias. Quem me conhece sabe que quando conheço uma causa e acredito nela, vou com ela até o fim. Será que a bicicleta está me dominando de tal forma?
Tô só esperando meu ciclo-transporte voltar da revisão geral para, a partir da próxima segunda, pedalar 40 Km diários até o trabalho e volta. Um bom exercício… que tal? Chega de busum! Chega de suvaco fedido, roleta e sonolência.
Meu único medo é o horário de pico, na qual terei que disputar espaço com ônibus e carros, alguns deles apressados demais.
Riscos fazem parte da vida, aliás, o que seria da vida se não fosse a emoção dos riscos diários? Tem gente que tem carro, tem gente que tem moto, eu escolhi a bicicleta.
Meus velhos amigos provavelmente devem estar achando que o Zeca mudou, que virou um esportista.
“Aqui com arroz”! Não estou deixando de ser um amante da música e nem da boemia.
Apenas redescobri o quão bom é estar sobre duas rodas, coisa que eu fazia muito quando era piá.
Quem acompanhou este blog, sabe que sempre fui “verde”, e que maneira melhor de dar o exemplo se não sobre a magrela?
Resolvi simplificar um pouco a minha vida.
Resolvi ir de bicicleta.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Bicicleta e Fotografia

Este é o tipo de foto (Fernanda Tomiello) que me faz pensar, não sei se primeiro na Fotografia e depois na Bicicleta, ou se o contrário, ou se nas duas coisas ao mesmo tempo.
Da fotografia poderia dizer, por exemplo, que capta com o oportunismo que deve ser uma virtude do fotógrafo, um momento de especial expressão.
A cor vermelha do quadro, acrescenta um elemento que enriquece, pelo detalhe, o conjunto da foto.
Da bicicleta me ocorre comentar que se mostra naquilo que é a sua essência, a de ser um instrumento de trabalho do homem, uma espécie de ferramenta especial, obtida pela aplicação da tecnologia, e levada, no momento da foto, consigo, pela mão, como uma filha, uma companheira. Esta parceria, esta união, estão muito bem acentuadas quando o ciclista desce da bicicleta para poderem seguir avançando ladeira acima.
A bicicleta apresenta-se deste modo como bem mais que um objeto de consumo, às vezes até mesmo de luxo, ou um artigo que deva satisfazer à vaidade ou traduzir um status social.
Investida de uma dignidade que supera estas manifestações subalternas, sua presença representa, isto sim, algo que está incorporado à nossa cultura em vários níveis de intervenção, desde o transporte, quando se incorpora ao trabalho, passando pelo lazer, até chegar no domínio das artes e dos sentimentos.
Bicicleta e Fotografia caminham assim, pela mão do homem, para nos conceder um espaço de liberdade e conscientização.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Bicicletas do Interior

Enquanto nas cidades "grandes" ( Porto Alegre, Rio, São Paulo, etc.) os ciclistas lutam desesperadamente para garantir um espaço de circulação, em cidades pequenas, do "interior", este espaço parece ainda garantido. São Lourenço do Sul, a respeito da qual ainda me deterei melhor, mostra-se como um exemplo bem significativo desta situação.
Mas outros exemplos, por certo, poderiam ser apresentados.
Retornando de uma navegada , passo por Tapes e registro algumas cenas onde isto se evidencia.
Carros, pedestres e ciclistas, assim como outros eventuais usuários das vias, parecem conviver em harmonia. As bicicletas, inclusive, passam a fazer parte da paisagem urbana, tranquilamente estacionadas nas calçadas.
A foto ilustra uma destas cenas. Diante do prédio dos Correios, duas bicicletas disfrutam de toda a tranquilidade que o ambiente proporciona. Tranquilidade, claro, que deve ser sentida também por seus proprietários.
Estas cidades constituem-se assim em oásis ou paraísos onde refugiarem-se os ciclistas do estresse e da quase caçada vivenciada nos grandes centros.
Quem sabe investimos em reunirmos amantes do ciclismo em cidades como estas para passarem suas férias pedalando?